Quem assistiu a partida entre Corinthians e Santos provavelmente estava esperando algo diferente do que viu. O Corinthians é claro, esperava uma vitória e virou uma derrota, mas não é disso que estamos falando.
A torcida Santista viu o jogo na esperança de ver um jogador sem espaço brilhando durante o jogo, e esse jogador era Ricardo Goulart. O atacante foi a principal contratação do time santista para essa temporada, e como perdeu um tempo para poder regularizar a sua situação, o jogador só pode estrear no clássico, e com isso todos queriam ver o que o mais novo camisa 10 da equipe poderia fazer.
No entanto, quem esperava novidades acabou vendo um filme repetido, algo que sempre é visto durante a história do Santos: a base salvando.
Uma prática que virou tradição no Peixe
Marcos Leonardo pegou o jogo e o colocou no bolso, mostrando o porque foi escolhido para levar a camisa 9 santista nas costas. Mas isso também não é novidade, essa é apenas a sequência do que aconteceu ano passado e também no interior, a base do Santos fazendo de tudo para que o time consiga não só não cair, como também brigar por títulos como vimos na final da Libertadores contra o Palmeiras.
Não podemos nos esquecer também que a era Neymar de novos meninos da Vila, apesar de muito vitória, também foi um salvamento feito pela base. Para quem não se lembra, os anos antes da era Neymar não foram fáceis, e o Santos brigou para não cair aqueles anos também.
No ano de 2008 o Santos só conseguiu escapar do rebaixamento na última rodada, lutando com unhas e dentes até o fim, e foi por pouco. 3 anos depois Neymar, Ganso e companhia levantavam o título da Libertadores, mostrando a força que algumas revelações da base tem ao assumirem a titularidade podem fazer dentro de campo.
Isso é fruto de uma tradição gigantesca em formar novos talentos, o Santos é um time que nunca teve medo de testar seus jogadores, usá-los ainda que no futuro eles possam não ter dado certo, e não fazer isso é um dos grandes problemas do futebol brasileiro hoje.
Poucos recursos são capazes de formar grandes joias, imagine estes recursos se multiplicando!
Mesmo as grandes joias dos clubes são dados como jogadores que não podem assumir responsabilidades, salvo raras exceções onde um time necessita que o jovem jogue. A base do Santos é forjada na necessidade de ajudar o time que se joga, o time que se paga o salário, enquanto que a grande maioria dos times brasileiros hoje já tem o jogador na base pensando em como a sua carreira vai ser quando ele for vendido ao velho continente.
Foi exatamente assim que, por exemplo, o Corinthians perdeu Marquinhos que está no PSG, o Fluminense perdeu Fabinho que está no Liverpool, e muitos outros exemplos. Jogadores que saem cedo por uma desconfiança, desconfiança da própria base.
Edu Dracena, funcionário do Santos, chegou a comentar que a base santista ainda precisa de mais estrutura física, mas o que podemos afirmar, é que de certa forma, a base tem sido a estrutura do próprio time desde sempre.